Sector produtivo no centro das prioridades - Ministro de Estado

Sector produtivo no centro das prioridades - Ministro de Estado

O recenseamento do universo agro-pecuário e de pescas do país, lançado ontem, é sinal inequívoco de que Angola pretende colocar o sector produtivo no centro das prioridades, afirmou, ontem, o ministro de Estado para a Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior. Ao intervir no acto oficial de lançamento do processo, que decorreu na comuna do Gangula, município do Sumbe, Cuanza-Sul, Manuel Nunes Júnior indicou que o país vai continuar a orientar políticas económicas com vista a me-lhorar e aumentar os níveis de produção em toda a extensão do território, mediante dados reais. O objectivo deste exercício, realçou, é definir estratégias importantes para o desenvolvimento do país, através de resultados que visam alterar a actual estrutura económica nacional. Manuel Nunes Júnior lembrou que, no período de graça de 2002 a 2008, o país já exibiu taxas médias de crescimento de dois dígitos e integrou a lista de países que mais cresceram no mundo, com maior incidência no crescimento do sector petrolífero, de forma física e financeira.
Contudo, avançou, as crises cíclicas que ocorreram de 2014 a 2016 foram um duro golpe para o país, por terem terminado de alterar o quadro da procura por petróleo no mercado internacional, ao mesmo tempo que mudava o rumo da economia angolana, até se chegar à recessão económica. Segundo o ministro de Estado, o país ganhou uma lição do passado, apesar de a economia nacional ainda estar muito vulnerável a choques externos, devido a alterações dos preços no sector petrolífero, mesmo com a diminuição do peso do sector petrolífero na economia nacional. Para Manuel Nunes Júnior, é necessário mudar essa realidade, através do rigor e disciplina no trabalho que o Executivo se propôs assumir com a execução do Programa de Apoio à Produção Nacional, à Diversificação das Exportações e Substituição de Importações (PRODESI).
O Programa prevê uma fluente aliança entre o Estado e o sector privado, para o aumento da produção nacional, o rendimento dos cidadãos e o combate à fome e à pobreza. Com a realização do RAPP, sublinhou, o Executivo pretende actualizar o mapa agrícola nacional nos domínios da agricultura familiar e empresarial e identificar o que se produz e como se produz, bem como as dificuldades existentes. Participam no processo quatro mil colaboradores, entre recenseadores, formadores, cartógrafos, informáticos, agentes das Estações de Desenvolvimento Agrícolas (EDA) e quadros das administrações municipais.
Localidades identificadas
O projecto para o Recenseamento Agro-pecuário e Pescas (RAPP) começou há 18 meses e já permitiu identificar 25 mil aldeias em 74 comunas e distritos, dos 164 municípios que formam as 18 províncias do país. O director-geral do INE, Camilo Ceita, referiu que, desde o recenseamento agro-pecuário e pescas de 1970, não houve actualização do sistema produtivo do país. “O RAPP vai ser um processo que vai conformar as 36 zonas agrícolas existentes com a realidade actual, permitindo a elaboração de um relatório agrícola sobre o país”, disse.O trabalho arranca hoje e tem o desfecho previsto para Janeiro de 2021, altura programada para o anúncio dos indicadores do recenseamento. O ministro da Agricultura e Pescas, Francisco Assis, notou que esse exercício surge num momento oportuno, já que o RAPP deve permitir que o país tenha dados fiáveis e sérios sobre a actual situação, que dificulta o desenvolvimento dos sectores da Agricultura e Pescas. “Dessa forma, vai ser possível pegar nestes dados e alinhá-los com as actuais políticas e estratégias económicas de desenvolvimento”, destacou. O objectivo, acrescentou, é transformar a agricultura como sector produtivo e a indústria como ramo auxiliar de transformação para criar emprego, fazer o país auto-suficiente alimentar, além de se combater a forme e a pobreza. Testemunharam o acto de lançamento do Recenseamento Agro-Pecuário e Pesca, o secretário do Presidente da República para o sector produtivo, Isaac dos Anjos, os ministros da Agricultura e Pescas, António Francisco de Assis, Comércio e Indústria, Victor Fernandes, Economia e Planeamento, Sérgio Santos, da Defesa Nacional e Veteranos da Pátria, João Ernesto dos Santos, secretários de Estado e governadores do Huambo, Benguela e Bié.
FAO fala em “momento oportuno e histórico”
A representante do Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), Gherda Barreto Cajina, considerou a ocasião como um momento oportuno e histórico, tanto pela assistência técnica, quanto pela oportunidade de testemunhar a firme vontade do país criar condições para dispor de uma informação estatística fiável e robusta dos diversos sectores. Gherda Barreto Cajina disse que, com a implementação do RAPP, Angola entra na décima ronda do Programa Mundial de Censos da Agricultura 2020 e passa a beneficiar do Programa Global da Assistência Técnica da FAO para a elaboração das directrizes e promoção do uso de padrões internacionais. “O novo programa do censo que Angola vai implementar prevê sete indicadores dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, entre os quais a erradicação da pobreza e fome, assim como a promoção da agricultura sustentável, igualdade do género, produtividade e renda dos produtores e bens dos sistemas de produção de alimentos”, sublinhou.

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